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segunda-feira, 14 de abril de 2008

4. Guarda e Ciudad-Rodrigo

Estava programado irmos a Ciudad-Rodrigo logo de manhãzinha, mas como nos atrasámos, resolvemos ir à Guarda (até porque a R. queria ver mais movimento, mais pessoas) e à tarde íamos a Espanha. Chegámos à Guarda e estacionámos perto do castelo, onde infelizmente resolveram colocar umas antenas que deturpam a sua imponência. A Sé é bem bonita, construída entre os finais do século XIV e princípios do século XVI. A sua construção teve algumas interrupções devido aos confrontos entre lusos e castelhanos. Ao pé da Sé situa-se o turismo, onde nos fomos informar sobre o que visitar e onde comer. Ficámos a saber que aqui na Guarda estava o grande amor de D.Sancho, chamada Riberinha, a quem o nosso Rei diz-se que dedicou uma canção cujo verso diz "Ai muito me tarda o meu amigo na Guarda", mas na realidade não se referia a um amigo, mas sim a uma amiga. Andámos pela judiaria, área que se situava completamente isolada do resto da cidade, pois o seu acesso só se podia fazer por duas ruas. Ali tinham os Judeus um mundo àparte. Aproveitámos para procurar os cruciformes que marcavam algumas casas, mas a erosão não torna a coisa fácil.
Chegou a hora de almoço e lá fomos para o restaurante, onde mais uma vez não fomos decepcionados. Após o repasto, fizémo-nos à estrada na direcção de Ciudad-Rodrigo, mas eu estava com uma fézada que íriamos lá chegar em cima da hora de fecho das atracções turísticas.
Chegámos por volta das 16h45 (hora de Espanha), e como normalmente tudo fecha às 17h já estava em stress para encontrar o turismo e pedir conselhos sobre o que visitar.
Depois de termos entrado e saído uma catrefada de vezes, lá demos com o turismo. Fui atendido por uma moça simpática que me deu toda a informação necessária para procedermos à visita. Mais uma vez, fui bem recebido pelos castelhanos, o que é de lembrar. Após ter examinado uma folha onde constam os horários de visita dos vários monumentos, constatei que estava completamente errado, pois aqui eles estão abertos até às 19h e alguns até às 20h.

Ciudad-Rodrigo, declarado conjunto Histórico-artístico, obteve esta designação devido ao Conde Rodrigo González Girón que a fundou em 1150. É uma cidade fortificada, que foi conquistada pelas tropas napoleónicas em 1810 e reconquistada em 1812 pelos ingleses. Fomos visitar a catedral (2,50€/adulto;2€/estudante), onde as suas torres serviam também para avistar tropas inimigas. Fustigada por balas de canhão, devido às invasões francesas, a catedral começou a ser construída em 1168 e só acabou em 1753! Devido ao alargado período de construção existe uma mistura de estilos. Logo no claustro nota-se essa diferença entre o período romanico e o período renascentista. Apesar de nos claustros se poder tirar fotografias, dentro da própria igreja tal não é permitido. Lá dentro podemos observar um pórtico, construído no séc XIII de uma beleza extraordinária.
Saímos daqui e fomos dar uma volta a pé pela cidade (aliás, aconselho a deixarem o carro lá fora, porque lá dentro paga-se e é complicado arranjar lugar). Fomos até à plaza Mayor, observámos várias casas abrasonadas, passámos pelo edificio dos Correios e entrámos na igreja de São Pedro que ainda é mais antiga que a catedral. Lá dentro estava uma freira a conversar com outra senhora, que falavam tão alto que pareciam que estavam no café. Aqui também existe um pórtico mais antigo que o da catedral, séc XII, ao qual não podemos tirar fotografias. Saímos e voltámos ao centro da cidade, e é curioso que não se nota influência de estilos modernos, todas as lojas, bancos, policia, etc, situam-se em casas antiquíssimas sem lhes terem estragado as fachadas.

Já se estava a pôr a noite, fomos ao supermercado num instante onde comprámos o famoso hornazo (é tipo bola de carne, composto por lombo de porco, chouriço e presunto). Este tipo de tarte tem uma história, diz-se que ela era usada na celebração de Lunes de aguas, festividade que se celebra todos os anos na segunda-feira seguinte ao domingo de Páscoa na cidade de Salamanca. A sua origem remonta ao século XVI, quando o rei Filipe II ordena que as prostitutas que habitavam na cidade fossem tranferidas para fora da cidade, para que os homens (grande parte estudantes) evitassem a tentação durante a quaresma. Até à primeira segunda-feira seguinte à Páscoa, elas permaneciam na custódia do Padre Putas (assim designado pela população). Nesta altura, era ele que as conduzia de volta à cidade debaixo dum festejo estudantil, onde se enchiam de bebida e hornazo para celebrar a chegada das cortesãs com uma festa nas margens do rio Tormes.

Após as compras, seguimos viagem de volta para o nosso poiso em Portugal.

- BL

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