Sei que este documentário já tinha sido transmitido em Abril, mas só hoje (e por um acaso) é que o vi. Fiquei a conhecer a história da vida desta Senhora, que apesar dos seus 87 anos, ainda continuava com o sentimento de ajuda ao próximo. Foi nesta idade que ainda percorreu mais uns km's para dar a ouvir aos soldados que combateram na Guiné, as ditas mensagens, uma vez que foi proibida de ir a esse país, pelo General Spínola.
No documentário, ouvem-se testemunhos (e agradecimentos) de soldados, pessoas ligadas ao Movimento Nacional Feminino (ao qual ela pertenceu), festas de agradecimento, etc. No fundo, ouve-se e vê-se e até se sente a história desta Mulher.
Além de ter pertencido ao MNF, também pertenceu durante 30 anos à Liga Portuguesa contra o cancro. Trabalhou durante uma década como bibliotecária e nunca ganhou nada pelo que fez, e chegou a ter que vender bens seus para conseguir levar a sua obra a bom porto.
Houve uma história que me ficou retida que é a seguinte: Numa das vezes que a senhora se deslocava no seu carro (um Opel Corsa antiquíssimo, e sim, apesar da sua idade, ela ainda conduzia!) a caminho de mais uma visita a um ex-combatente, o carro teve um furo. Ela encostou o carro e ficou a olhar para ele e a pensar como é que iria resolver a situação, uma vez que não tinha força para colocar o macaco debaixo do carro e trocar o pneu. Foi então, que apareceu um senhor de mota e que lhe perguntou o que se passava. Ela explicou e ele trocou-lhe o pneu. No final, ela pergunta-lhe quanto é que lhe deve, e ele diz que não deve nada. Ela persiste e diz-lhe que aceitasse pelo menos o dinheiro para uma cervejinha. Ele volta a negar e diz-lhe "Eu não lhe pedi nada quando a senhora foi a Angola dar-me a ouvir a mensagem da minha Mãe", montou-se na mota e segundo a senhora, ela nunca mais lhe pôs a vista em cima.
Conta as suas histórias dizendo que os seus Pais, as suas sobrinhas e a sua familia, por mais alegria que lhe tenham dado, nunca superaram a alegria que sentiu quando estava em Angola.
No final do documentário, fiquei a saber que ela faleceu a 9 de Janeiro de 2008 com 89 anos. A imagem da senhora com o seu gravador deve ter ficado para sempre na memória de todos os que foram tocados pela sua pessoa.
Há histórias e Histórias de vida... e esta é sem dúvida uma História!
Links:
http://historiaeciencia.weblog.com.pt/arquivo/042636.html
http://aerodromobase3.blogspot.com/2008/05/dona-maria-estefnia-anachoreta.html
Após ter visto o programa, senti que tinha que lhe prestar homenagem.
- BL