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sexta-feira, 29 de março de 2013

E pelo caminho gritei...

Há coisas deveras curiosas, sabem? Daquele género de coisas que nós pensamos sempre desta forma: "isso? É coisa que nunca me vai cair do céu!" e depois... acontece algo que nos faz repensar nesse "dizer".

Quem me conhece sabe que tenho passado um mau bocado a nível profissional, apesar de realizar o meu trabalho (e até com qualidade reconhecida por outros) nunca fui congratulado pelos meus chefes, nunca houve uma palavra de apreço, até pelo contrário. Fui sempre espezinhado verbalmente, sempre colocado de lado quando outros tinham a oportunidade de brilhar, só porque não pertenço ao "elitismo" por eles formado. Com colegas, é raro aquele que me passa cartão. Quando chegava a altura de atribuir prémios de produtividade, chegaram a esquecer-se que eu fazia parte da empresa, e mesmo em termos de valor, era sempre colocado no último lugar, chegando a ver outros colegas, recentemente integrados na empresa, a passarem-me à frente, alguns deles por completa injustiça devido à sua incompetência.
Nunca tive uma experiência profissional tão má como esta, e nunca na vida me senti posto de lado como aqui. Sempre fui bem visto por outras empresas por onde passei e sempre deixei amigos, alguns deles que ainda me acompanham (quase) diariamente, mas eles fizeram questionar tudo isto.

É verdade que quem fica parado a queixar-se nunca chega a lado nenhum, mas as vantagens da localização do emprego, a proximidade com a escola dos meus filhos, o não querer agarrar um emprego de consultoria,  fizeram-me pensar no assunto com cabeça e não com o coração e assim fui ficando... até Agosto do ano passado quando decidi que devia começar à procura de outro projecto, mas desta vez, à séria.
Assim foi, no trabalho, passei a ser um "ausente-presente", comecei ser mais frio com a chefia e com os colegas, chegando a ser bruto e autoritário quando me endereçavam a palavra. Fazia o horário certinho, 9-18h, sem chegar atrasado à hora de almoço e compensando sempre cada ausência, nem que fosse por mais de 10 minutos.

As respostas começaram a chegar com uma velocidade surpreendente e assim cheguei a ir a mais de 12 entrevistas presencialmente, logo no mês de Setembro. Como todas as ofertas situavam-se na área da consultoria, arrisquei apontar para algo na Europa, e com resultados surpreendentes que chegaram a obrigar-me a viajar para poder comparecer numa entrevista de trabalho. Pensei que era esta a oportunidade, mas infelizmente, alguma inexperiência minha deitou a chance desvanecer-se.

Em Janeiro/Fevereio, com vários processos a decorrer ao mesmo tempo, continuava a ser contactado, mas ainda não havia nada de concreto e já estava a entrar num quase desespero... e foi aí que a coisa começou. Através de uma ferramente social, encontrei um amigo que está a trabalhar lá fora e com quem já não falava há uns bons 4,5 anos, e comentei com ele o facto de andar à procura de emprego. Ele lembrou-se duma empresa que andava à procura de alguém da nossa área, mas que não sabia se eu encaixava no perfil.

Mesmo assim, enviei o cúrriculo e um dia depois fui contactado, entrevistado e numa semana apenas, aceitei o desafio e fui CONTRATADO!!! Ainda há mais um facto curioso a este respeito, é que na verdade eu não me encaixava no perfil para aquela posição, mas havia outra... na qual eu encaixo na perfeição!

Há coisas assim, não há que compreender, são coisas que nos estão destinadas, talvez...

O desejo desta realização era enorme. A vontade de sair daquele buraco onde estava era enorme. A necessidade de travar o mal que me andavam a fazer era fulcral para a minha sanidade mental.

Foi por isso que nessa terça-feira, gritei a caminho de casa...



- BL

Hoje acordei a ouvir #15



- BL

segunda-feira, 18 de março de 2013