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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Into the wild

Ontem à tarde apeteceu-me ver um filme. Escolhi um que já há muito que andava curioso para ver, o Into the wild, realizado por Sean Penn, baseado no livro de Jon Krakauer, que tem o mesmo nome, e com música de Eddie Vedder.

É-nos contada a história verídica de Cristopher McCandless que após se ter graduado da universidade de Emory, abandona tudo e todos e decide embarcar numa aventura à procura do seu verdadeiro eu. Ao longo do percurso encontra várias personagens que moldam a sua pessoa, assim como ele faz o mesmo para com elas. Acaba por se decidir em ir para o Alasca, onde quer ficar sozinho e viver do que a Natureza lhe der. Leva consigo livros dos seus autores preferidos, uma máquina fotográfica, uma espingarda, um saco cheio de arroz, um livro acerca da flora e fauna do Alasca e equipamento de campismo. Quando chega ao seu destino, depara-se com um autocarro (magic bus) que passa a ser o seu abrigo.

*** SPOILER *** (não leiam mais, se quiserem ver o filme)

Apesar de não ter experiência nenhuma como caçador, safa-se a caçar pequenos mamíferos e alguns pássaros e até chega a matar um alce. Experiência que acaba por não ser bem sucedida, quando tenta fumar a carne para que ela não se estraga. O insucesso deixa-o inconformado por ter morto o animal. Quando acha que a sua missão foi cumprida, decide voltar à civilização, mas o caminho que outrora percorrera encontrava-se bloqueado pelo rio Teklanika. Impedido de sair daquilo que pensava ser a sua "liberdade", retorna ao seu "lar" e devido à fraca existência de outras espécies que o iam mantendo alimentado, acabou por se alimentar de flores e frutos da zona, mas acabou por ingerir uma planta venenosa, cuja consequência é a paragem do aparelho digestivo. Ele próprio dá conta do seu mau juízo na escolha dos seus alimentos. Descobre que afinal lhe falta algo, faltava-lhe o conforto de um abraço, de um olhar, em suma, do outro. Quando se apercebe disso, escreve no seu diário: "Happinness only real when shared."
Após alguns dias e consciencioso que vai falecer, escreve as suas últimas palavras no seu diário intitulado "Beautiful Blueberries":
"I HAVE HAD A HAPPY LIFE AND THANK THE LORD. GOODBYE AND MAY GOD BLESS ALL!"
O seu corpo é encontrado por caçadores, duas semanas depois. Segundo a autópsia, ele morreu devido à fome e à ingestão de frutos/plantas venenosas.

Esta fotografia foi retirada do rolo que se encontrava por revelar na sua máquina, após a sua morte.



O autocarro tornou-se local de peregrinação, e ainda hoje se encontram alguns escritos que ele lá deixou, assim como a mensagem dos seus Pais que lhe prestaram homenagem.

Gostei muito do filme, mas mais do que o filme, gostei da mensagem que ele nos transmite.
Há uns anos atrás, pensava em fazer o mesmo, em sair daqui, deixar tudo para trás, ir à aventura para onde o meu coração puxava, para os confins duma serra, dum pequeno abrigo, longe da civilização e da sociedade que nos "empurra" para o canto à espera que nós lhe demos tudo em troco de quase nada. Eu sei que este pensamento é extremo, e tenho consciência que nunca o faria, mas ele acabou por fazê-lo. Se foi bem sucedido? Bom, isso coube-lhe descobrir e da pior maneira, pois acabou por morrer em circunstâncias terríveis. A minha opinião? Eu não o conseguiria fazer, mas dou-lhe o mérito de ter ido à procura da sua liberdade e daquilo pelo que o seu coração ansiava. Podia tê-lo feito de maneira diferente, podia ter-se informado melhor da zona para onde iria acampar, talvez isso o pudesse ter salvo. Aliás, quando ele decidiu regressar e não pôde atravessar o rio, ele encontrava-se a menos de 500 metros de um transporte mecanizado que atravessava o rio. Tivesse levado um mapa decente, podia hoje andar a contar a sua aventura e aí sim, ter sido bem sucedido, na minha opinião. Acho que ele teve a noção que tirou as suas conclusões tarde demais.

Os habitantes do Alasca dizem que ele, praticamente, cometeu suicidio, pois não se equipou devidamente, não tinha conhecimento do terreno, não tinha mapa e levou muito poucos mantimentos, tal como descreve um guarda do parque, Peter Christian;
I am exposed continually to what I will call the ‘McCandless Phenomenon.’ People, nearly always young men, come to Alaska to challenge themselves against an unforgiving wilderness landscape where convenience of access and possibility of rescue are practically nonexistent […] When you consider McCandless from my perspective, you quickly see that what he did wasn’t even particularly daring, just stupid, tragic, and inconsiderate. First off, he spent very little time learning how to actually live in the wild. He arrived at the Stampede Trail without even a map of the area. If he [had] had a good map he could have walked out of his predicament […] Essentially, Chris McCandless committed suicide.
- in wikipedia
Bom, este post já vai longo... e provavelmente há aqui coisas que precisavam de ser mais trabalhadas, mas por agora fico-me por aqui. Ah, mas sem antes dar a devida pontuação ao filme. Julgo que merece um 9,5/10. Foi um filme que equiparou e ultrapassou as minhas expectativas, o que muitas vezes não acontece.

- BL

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho imensa curiosidade em ver este filme. Está sp tão bem recomendado.